«Pôr em movimento» infere um desejo de «mudança política», a implicação de uma «cadeia de motivos» na qual se exprime o «desencantamento social das emoções». O olhar sobre as sublevações e os levantamentos na história do Ocidente tem permitido observar a conexão existente entre as acções físicas e as paixões morais da sociedade. É assim que a inquietação coletiva produzida pelas emoções humanas e pela dinâmica das revoluções sociais mobiliza a natureza pública dos espaços e da urbanidade.
A disposição moral e emocional exprime uma dupla vertente política e transformadora que, nesta análise, converge numa abordagem antropológica e crítica imanente à espacialidade arquitetónica.
Neste breve ensaio, o autor articula a contribuição fundamental de pensadores como Pierre Kaufmann e, em particular, Ludger Schwarte enquanto intercessores de uma concepção filosófica da arquitetura. O exemplo de «A Tomada da Bastilha», enquanto movimento e impulso revolucionário, permite repensar a desconstrução e/ou dispersão de um espaço simbólico, que ao ser destruído revela a natureza da sua montagem, desmontagem e inevitável remontagem memorial e emotiva. Trata-se afinal de compreender o significado estético e político da arquitetura como processo mobilizador de uma «emoção em imagens». A demolição da Torre da Bastilha constitui o exemplo de um «estaleiro da destruição», onde a «experimentação de desejos» fez eclodir o espaço do poder, para se transformar numa potência memorial e simbólica da manifestação revolucionária e coletiva.