Ninfas fugidias by Georges Didi-Huberman

Ninfas fugidias

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Ninfas fugidias percorre o trajecto de uma noção estética fundamental - Einfühlung [empatia] - a partir de algumas notas de Aby Warburg consagradas a Botticelli, em 1893, para confluir no questionamento de imagens líquidas e fugitivas que mobilizam o imaginário e a poética de M. Klinger, G. Klimt, Man Ray, J. Painlevé, V. Sjöström, J. Vigo, R. Rossellini ou A. Mendieta. Nesta incursão trata-se de aprofundar o sentido material e inconsciente de que são feitas as imagens, o movimento e a dinâmica psíquica que as fundamenta como experiência subjectiva, percorrendo-se as sugestivas observações de autores como W. Dilthey, H. Bergson, F. Saussure, S. Freud, L. Binswanger, L. Wittgenstein e G. Bataille. 
Neste ensaio, observa-se como a dinâmica morfológica e antropológica dos fluidos agita, e necessariamente compõe, a natureza da emoção artística. Nas suas distintas configurações e imagens, a sobrevivência (o poder da memória) e a criação (o poder do desejo) fluem e refluem, conjuntamente, como num redemoinho, na imaginação aberta e na participação de uma relação sentimento-imagem que perfaz a intensidade da experiência estética.
A figura da Ninfa «sempre fugidia, porém sempre presente» irrompe assim como conteúdo de uma verdade psíquica e figural que se exprime enquanto alteração morfológica e potência imemorial, mas também como força desejante e vaga de fundo do pensamento. Ela atravessa, multiplicando-se, diferentes modos de sentir e de pensar, conjuga a natureza erótica do seu motivo e a dinâmica da sua imanência cinemática, para configurar, através do seu carácter intrínseco e indestrutível, a rebentação íntima das emoções.

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