A partir da alegoria poética de Pasolini sobre o desaparecimento dos pirilampos, diagnóstico arguto sobre a catástrofe da política e a tragédia da cultura ocidental, G. Didi-Huberman traça uma resposta sobre a existência crítica da visualidade, ao mostrar como a condição dialéctica das imagens se decide numa luta de luzes contra luzes. Assim, se o desaparecimento dos pirilampos foi fácil, expondo-os a fortes intensidades de luz, para provocar o seu reaparecimento será necessário devolver à obscuridade o seu poder de latência e de pregnância. Nesta inversão energética, eles poderão ressurgir enquanto sobrevivências, intermitências, forças minoritárias, plenas de admoestações, de avisos e adivinhações, capazes de suscitar, nos seus mínimos impulsos, um princípio de esperança para o nosso tempo.