Considerado o melhor romance de William Trevor, A jornada de Felícia envolve o leitor com uma trama pontuada por suspense e mistério
Uma adolescente grávida deixa a Irlanda rumo à Inglaterra em busca do pai de seu filho. Sem um endereço e apenas com a informação de que seu namorado trabalha em um fábrica de cortadores de grama, Felícia embarca em uma viagem que transformará sua vida.
Considerado o maior contista da língua inglesa, William Trevor vê seus romances como uma reunião de histórias curtas. Em "A jornada de Felícia", o autor explora aspectos sombrios da vida a partir de acontecimentos banais. Rejeitada por sua família por estar esperando um bebê de Johnny Lysaght, Felícia foge para procurá-lo perto de Birmingham. O acaso a coloca diante de Mr. Hilditch, um estranho funcionário de uma fábrica que se diz um benfeitor de moças desamparadas. Embora aceite a proteção de Mr. Hilditch, logo a menina percebe que ele não é bem o que parece.
De acordo com "The New York Times", A jornada de Felícia é “uma narrativa perfeitamente estruturada e arrepiante sobre a perda da inocência e o alto preço dos sonhos”. A história mistura a Inglaterra pós-Margaret Thatcher com "flashbacks" da infância de Felícia em uma cidadezinha irlandesa. A visão provinciana e inocente da menina é contraposta à dureza dos distritos industriais. Trevor estabelece um contraste entre a realidade da protagonista e seus sonhos. A jovem passa por diversas dificuldades, Johnny parece cada vez mais obscuro e ela se vê diante de acontecimentos inesperados que exigem maturidade e frieza a cada passo.
O livro apresenta um rito de iniciação que ultrapassa a questão da maternidade. Como é característico da obra do escritor, os golpes do acaso moldam o destino de Felícia e de Mr. Hilditch sem que eles tenham controle do que está adiante. O suspense, o mistério e uma atmosfera de terror pontuam ente envolvente relato sobre descobertas e paixão.