Um rio chamado Atlântico by Alberto da Costa e Silva

Um rio chamado Atlântico

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Quando, em 1992, a Nova Fronteira editou A enxada e a lança, essa obra de Alberto da Costa e Silva sobre a África antes dos portugueses foi saudada como um livro que já surgia clássico e de leitura obrigatória. Dez anos depois, seu novo trabalho, A manilha e o libambo, sobre a África e a escravidão entre 1500 e 1700, teve acolhida semelhante. E não só no Brasil, onde recebeu o prêmio Sérgio Buarque de Holanda, da Fundação Biblioteca Nacional, e o prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ciências Humanas, da Câmara Brasileira do Livro.

Uma das maiores autoridades em história africana, o norte-americano John K.Thornton, no International Journal of African Historical Studies, após qualificar o livro de “notável e brilhante”, diz dele ser provavelmente o mais atual e mais bem-pesquisado de todos os panoramas existentes sobre a história africana, incluindo os volumes da História Geral da África, editados pela Unesco, e da Cambridge History of Africa, que cobrem o mesmo período. Outro grande historiador, o português José Capela, na revista Africana Studia, ressalta que, apesar de suas quase mil páginas, lê-se A manilha e o libambo como se estivesse a ver um filme de cinema, graças a “um português simultaneamente e classicamente terso e colorido”. E acrescenta: “Que a historiografia se pode valer do humor e rechaçar o fastídio, fica aqui provado. Quando descreve, o autor é panorâmico; quando sintetiza, é decisivo.”

Neste Um rio chamado Atlântico estão presentes as mesmas qualidades que explicam por que um crítico exigente como Wilson Martins considera Alberto da Costa e Silva “o maior africanólogo em língua portuguesa”. Nestes 16 textos sobre as relações históricas entre o Brasil e a África e sobre a África que moldou o Brasil e o Brasil que ficou na África, o pesquisador cuidadoso e o analista percuciente e instigante não se desatam um só momento do poeta. Se é o poeta quem anda pelas ruas dos bairros brasileiros de Lagos e Ajudá, quem desenha as fachadas das casas térreas e dos sobrados neles construídos pelos ex-escravos retornados do Brasil e quem traz das páginas dos documentos e dos livros as personagens com que se povoam estes ensaios, é o historiador quem lhe guia cuidadosamente os passos e recupera, para pô-los em primeiro plano, situações, enredos e episódios que tinham saído, ou quase, de nossa memória.

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