Em Um rio chamado Atlântico estão presentes as mesmas qualidades encontradas em dois outros livros de Alberto da Costa e Silva, que se tornaram clássicos de leitura obrigatória: A enxada e a lança e A manilha e o libambo. Qualidades, por sinal, que explicam por que um crítico exigente como Wilson Martins considera o autor "o maior africanólogo em língua portuguesa". Nestes 16 textos sobre as relações históricas entre o Brasil e a África e sobre a África que moldou o Brasil e o Brasil que ficou na África, o pesquisador cuidadoso e o analista percuciente e instigante não se desatam um só momento do poeta. Se é o poeta quem anda pelas ruas dos bairros brasileiros de Lagos e Ajudá, quem desenha as fachadas das casas térreas e dos sobrados neles construídos pelos ex-escravos retornados do Brasil e quem traz das páginas dos documentos e dos livros as personagens com que se povoam estes ensaios, é o historiador quem lhe guia cuidadosamente os passos e recupera, para pô-los em primeiro plano, situações, enredos e episódios que tinham saído, ou quase, de nossa memória.