Messalina by Alfred Jarry

Messalina

By

  • Genre Erotica
  • Released
  • Size 1.87 MB
  • Length 90 Pages

Description

"Se voce perguntar sobre a veracidade dos fatos aqui narrados, primeiro saiba que, se eu não quiser, não responderei […]. Tudo o que então ouvi, anuncio com certeza e clareza", escreveu Sêneca, no século IV a.C., em sua Apocoloquintose do Divino Cláudio, uma sátira ao imperador Cláudio (século X a.C.), marido de Messalina, aquele a quem não é permitido dormir. E questionar essa veracidade seria natural. Mas ainda melhor seria imaginar, criar, antropofagiar fatos e mitos num romance de violência e liberdade como este que nos deixou Alfred Jarry. Aqui temos em mãos a primeira tradução brasileira de Messalina, segundo romance da trilogia amor e morte, precedido por O amor absoluto e sucedido por Supermacho.
Publicado na França em 1901, Messalina abriu com um chute as portas do século XX. A escrita é alucinante, pantagruélica, modernista avant la lettre, um caleidoscópio delirante, erótico e selvagem, com um vocabulário de especificidade atordoante e uma erudição tão natural como a de um dos nossos, Oswald de Andrade. Ler Messalina é acelerar num carro conversível sem capota, múrrino à mão e dados de osso espalhados ao redor, vendo passar a toda velocidade jardins reais, circos romanos, coliseus e figueiras sagradas sob o eclipse lunar. Roma, anagrama de amor, é um borrão que passa à direita, à esquerda, ao fundo. "Eu sou toda a Cidade!", ela sussurra em nosso ouvido. A filha da domadora, a depravada Augusta, a puta de Suburra, a cadela, a louca, a cortesã fulva, a loba, a Vênus-Imperatriz. A Messalina, nome que virou adjetivo.
Vestida em seu traje heroico — nua —, ela nos convida a confarrear com uma pluralidade vertiginosa de homens asiáticos, etíopes, soldados romanos, mímicos-prestidigitadores e a adentrar um lupanar de Suburra, no submundo da cidade do adultério. Os sentidos das frases soam múltiplos, plurais — e o são. A gente pede pra ir mais devagar, mas a escrita não para, não desacelera. A compreensão só pode ser cumulativa, intuitiva, sensória.

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