Voltaire é surpreendente. Nunca chega ao superficial, seja qual for o texto. Às vezes é mais cuidadoso
e profundo, em outras mais leve, mas é sempre ele. Não se pode dizer o mesmo, por exemplo, de
Shakespeare. Macbeth, Romeu e Julieta ou A Megera Domada parecem escritos por pessoas diferentes.
Há letristas (aqueles que fizeram curso de Letras) assegurando que Shakespeare era mais de um ou
nenhum deles. Ora, continuem a fazer suas classificações, compliquem a gramática que já conhecíamos,
mas deixem o maior dos dramaturgos em paz e, por favor, não incomodem Voltaire; a réplica pode ser
fatal.