Com admirável capacidade de síntese, Henry Gee — que há trinta anos é editor da revista Nature, para a qual também escreve — responde em doze compactos capítulos às perguntas de onde viemos e para onde vamos. Ao sobrevoarmos os 4,6 bilhões de anos da vida na Terra, exploramos ao máximo os detalhes da evolução numa aventura de esponjas, répteis, aves, dinossauros, mamíferos, primatas e uma profusão de outros seres que parecem saídos de fantasias remotas. Fossem cianobactérias ou cobras gigantescas, passando dos oceanos para a terra firme, as criaturas deste planeta enfrentaram inúmeras alterações químicas e predadores vorazes, obrigadas a se adaptar para talvez chegar ao ecossistema que nós humanos conhecemos.
Se hoje o aquecimento global é uma realidade que com frequência causa pânico, dada a iminência da catástrofe, pode parecer estranho que este livro seja capaz de tornar confortável a certeza da extinção. Mas Uma história (muito) curta da vida na Terra, vencedor do prêmio de livro científico de 2022 da Royal Society, cumpre essa tarefa com vivacidade ao universalizar o fim: não só a vida individual acaba, como a de uma espécie inteira, de um reino, de um bioma, e por que não a de um planeta? Aos poucos, o medo de desaparecer vai sendo substituído por um doce sabor de pertencimento e continuidade. Não estamos sós.
Vencedores da batalha de sobrevivência, ainda assim somos surpreendidos por curiosidades pitorescas, como o fato de a menopausa ter auxiliado a permanência dos hominíneos na Terra ou de a baleia ter surgido de animais com casco. Somos lembrados de que o clima tampouco era ameno para os nossos ancestrais: placas tectônicas agitadas, erupções de magma, eras glaciais e correntes marítimas instáveis podiam pôr abaixo todas as conquistas evolutivas.
Assim, como se fosse a metáfora do copo meio cheio, meio vazio, a longa trajetória da fauna e da flora terrestre aponta que, com tantas artimanhas da evolução, ao fim, tudo será melhor.