Em 1849, uma notícia no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro anunciava a chegada do navio francês Havre et Guadeloupe na Cidade Maravilhosa. A embarcação era uma escola naval para jovens que queriam se dedicar à marinha. Se, à primeira vista, a chegada do navio no porto do Rio de Janeiro causou certa apreensão, os princípios de religião e moral defendidos pelo comandante logo tranquilizaram a opinião pública.
A bordo do mesmo navio, o jovem Édouard Manet (1832-1883) seguia sua rotina de aprendiz de marinheiro, sonhando com o dia em que se tornaria um oficial da Marinha francesa. Por meio de cartas escritas aos seus parentes, ele conta os detalhes da sua travessia do Atlântico, desde a partida do porto do Havre até a chegada na Baía da Guanabara. Ele narra livremente suas primeiras impressões sobre o Brasil e os brasileiros, mostrando seu espanto com a soberba da elite carioca e com a condição dos escravizados daquele período.