Esta obra apresenta, na íntegra, o relato clássico de João Cabanas (1895-1974) da sangrenta Revolução de 1924, que tomou de assalto a cidade de São Paulo entre 5 e 28 de julho, deixando um rastro de destruição e morte. Durante aqueles dias cerca de 400 mil pessoas deixaram a capital, então com 700 mil habitantes, para sair da mira de granadas, tiros de artilharia pesada e até bombardeios aéreos que acabaram por arruinar vários bairros, ferir mais de 500 pessoas e matar outras 5 mil. No texto, autobiográfico, Cabanas apresenta sua visão do episódio, de que foi um dos protagonistas de maior relevância ao comandar o destacamento destemido que ficaria conhecido como Coluna da morte. O relato do então 1º Tenente do Regimento de Cavalaria da Força Pública, que viria a ser a Polícia Militar, começa no momento em que ele recebe a primeira ordem do major Miguel Costa, para ocupar a Estação da Luz, em 5 de julho, e impedir as comunicações com o Rio de Janeiro. Cabanas descreve, a partir daí, com detalhes, o longo percurso geográfico e tático da campanha, as fugas espetaculares, os enfrentamentos com as tropas mais numerosas e preparadas do governo federal, os ataques dessas tropas contra a população. O relato segue até a queda do grupamento em Catanduvas, Paraná, seguida do encontro e união da Coluna Miguel Costa com a Coluna Prestes e seu deslocamento para o Paraguai. José de Souza Martins conta, na apresentação, que entre as armas de Cabanas estava seu forte carisma e uma possível identificação com personagens míticos do cinema, que despontava naquele momento: "Corria a notícia de que a capa preta que ele usava lhe fora dada por Satanás, o que o tornava invencível". O sociólogo ainda atribui o sucesso do diminuto grupamento a uma estratégia não propriamente militar:"De trem, com sua minúscula Coluna, Cabanas percorreu localidades do oeste do estado, ao longo da divisa com Minas Gerais.