Nos anos 1970, "a revolta estava em toda parte. Nenhuma relação de dominação escapava: insubmissões na hierarquia dos sexos e dos gêneros, nas ordens coloniais e raciais, de classe e de trabalho, nas famílias, nas universidades, nos quartéis, nas fábricas, nos escritórios e na rua […]". Essa "crise de governabilidade" preocupava um mundo dos negócios que se viu confrontado por indisciplina trabalhista, mobilizações em prol do meio ambiente e pressões de todo lado para assumir responsabilidade social. Para controlar essa sociedade ingovernável, era urgente despolitizar a empresa. O autor encontra ali as origens do neoliberalismo, que embora se apresente avesso ao Estado, não hesitou em se aliar a formas autoritárias de poder em nome de seus interesses, em uma economia de "livre mercado". O Chile de Pinochet foi um exemplo cabal dessa combinação.
Escrito do ponto de vista do pensamento econômico e gerencial dominante, "do alto", combinando referências nobres e vulgares – textos de teóricos, discursos e manuais práticos destinados a administradores – este livro explicita as estratégias dessas "novas artes de governar" que aliam liberalismo a autoritarismo, e que estão, diz Chamayou, ainda ativas.