Na última década, com o crescimento da extrema-direita em boa parte do mundo, o sentimento do ódio adquiriu uma nova centralidade, substituindo o pacto civilizatório e instituindo a necropolítica em formas de racismo, violência patriarcal, sexismo e classicismo. No entanto, o ódio é também uma complexa constelação afetiva que atravessa desejos emancipatórios, criativos e potentes presentes em nossas sociedades e insurgentes através dos discursos e práticas contemporâneas manifestas nos movimentos negro, periféricos, indígena, feminista, entre outros. Distinguindo ambas as formas contemporâneas do ódio, encontram-se nesta edição duas leituras complementares, que se iluminam mutuamente, de Ana Kiffer e Gabriel Giorgi, compondo um diálogo entre as diferentes lutas, gestos e escritas que se inscrevem através do ódio no cenário político contemporâneo.