"Em uma cultura onde a aspiração máxima é devorar avidamente tudo que se apresenta, consumindo sem digerir, passando em seguida a outra coisa, outra pessoa, e mais outra e mais outra, a experiência mística ensina que a realização humana reside no desejo de dar-se, despossuir-se e entregar-se para ser consumido pelas necessidades do outro, para servi-lo em tudo de que necessite, para dar-se e distribuir-se eucaristicamente em alimento para todos."
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Eis uma obra apaixonante! Nela a teóloga Maria Clara Lucchetti Bingemer, leiga e casada, analisa com profundidade as crises que tantas turbulências provocam nesse alvorecer do século XXI.
A autora aponta causas e efeitos desse iconoclasta "desencantamento do mundo" que tanto favorece a relativização dos valores, o obscurecer das grandes utopias, a idolatria da tecnociência como um novo avatar, a redução do ser humano a mero consumista, o hedonismo como projeto de vida.
Escrito em linguagem acessível aos leitores desfamiliarizados com o dialeto teológico, este livro oferece uma contundente radiografia da falência da modernidade e da irrupção da pós-modernidade.
A esperança, hoje, se espelha na busca de um mundo ecologicamente sustentável, socialmente justo e, sobretudo, aberto ao Transcendente. A autora demonstra como a experiência de Deus — a mística — está ao alcance de todos nós, basta manter "os olhos abertos e ouvidos atentos ao ruído mundano".
Os testemunhos ou exemplos de duas mulheres e um homem do século XX comprovam que é possível ser feliz nos tempos atuais, através da aventura espiritual que nos faz viver o Amor em otda a sua radicalidade: Dorothy Day, Etty Hillesum e Egide van Broeckhoeven.
Esta leitura certamente tocará seu coração e enriquecerá sua inteligência.
— Frei Betto