Um dos melhores romances americanos do século XX, obra de autora de apenas 23 anos cria retrato profundamente humano de personagens desajustados
Obra de estreia de Carson McCullers, O coração é um caçador solitário (1940) é um mosaico de personagens que pulsam profunda humanidade em seus desajustes. O romance causou impacto imediato na crítica ao reconstruir a vida de uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos às vésperas da eclosão da Segunda Guerra Mundial.
A figura central é um trabalhador surdo, John Singer, com quem os outros personagens estabelecem conexões afetivas. Em torno de Singer gravitam Mick, uma adolescente andrógena, apaixonada por música; um médico negro, Benedict Copeland, bravo defensor da justiça para seu povo; Biff Brannon, dono de um café onde se reúnem as pessoas da vizinhança; e um frequentador beberrão, Jake Blount, revoltado com as injustiças do mundo.
Na rede sutil tecida por McCullers encontramos o retrato do Sul marcado pelo racismo, em paralelo às notícias das atrocidades cometidas pelo nazismo. O escritor negro do Mississippi Richard Wright observou que McCullers foi quem criou pela primeira vez, entre os escritores brancos, personagens negros com profundidade.