Tanto por Fazer é o diário de Graham Underwood, um serial killer preso pela polícia britânica após cometer mais de 15 assassinatos, nem todos desvendados, o que insufla a vaidade de um criminoso que jamais se arrependeu de seus crimes. É o primeiro romance escrito por Dalrymple, que se tornou célebre por artigos e ensaios que desvendam a mente dos criminosos que conheceu enquanto trabalhava no sistema penitenciário do Reino Unido. O livro dedica-se a esmiuçar as racionalizações de uma mente criminosa através de Graham Underwood, o protagonista que serve como uma espécie de síntese dos assassinos que o autor conheceu na sua carreira de psiquiatra. A retórica do criminoso mistura uma certa vaidade intelectual com uma crítica sobre a hipocrisia da cultura britânica que permite, de certa maneira, que um assassino justifique e até mesmo se vanglorie do seu comportamento antissocial e psicopata. Porém, Underwood é um serial killer incomum: passou a maior parte numa biblioteca pública, por isso é capaz de contar a sua história de uma forma literária convincente, sem abrir mão da ironia e um senso de humor bastante sofisticado. Um livro imperdível, como habitualmente são todos os de Dalrymple.